quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Crítica: ‘Infiltrado na Klan’ (BlacKkKlansman)

Por Graça Paes, RJ

O filme aborda temas polêmicos de uma forma bem peculiar



Dia 22 de novembro chega aos cinemas, o longa ‘Infiltrado na Klan’, BlacKkKlansman, o mais novo trabalho do polêmico diretor Spike Lee.  



Baseado em fatos reais, o filme nos remete ao ano de 1978, quando Ron Stallworth, um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo por meio de telefonemas e cartas e quando precisava estar fisicamente presente enviava um policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.



Apesar de envolver um tema forte, este é um filme de comédia dramática policial, com roteiro adaptado, co-escrito e dirigido por Spike Lee, baseado no livro autobiográfico Black Klansman, de Ron Stallworth. 



O longa te fará refletir muito sobre vários temas, entre eles, o  RACISMO.  Mas, fica claro que este não foi um trabalho idealizado para chocar, mas sim para reflexão. A obra tem uma excelente pegada de humor, condizente e bem dosado, e também uma dose de romance. 


Na tela também podemos contemplar o belo trabalho orquestrado por Spike Lee, a sensacional fotografia de Chayse Irvin e a magnífica trilha sonora criada por Terence Blanchard, com belíssimas melodias sinfônicas inspiradas nos anos setenta. 


O longa nos mostra a trajetória de Ron Stallworth, personagem interpretado pelo ator John David Washington, que rouba a cena, não somente pelo fato dele ser o protagonista, mas pela atuação magnífica. O ponto de partida para esta história é um anúncio de recrutamento da KKK em um jornal local, que o policial negro lê, e decide fazer contato, mas claro, se passando por um homem branco. Para ganhar confiança dos membros da seita, ele em seu discurso ataca negros e judeus, e assim, consegue conquistar quem o atende. Só que para dar o pontapé inicial as suas investigações, ele, quando convidado a conhecer a organização e seus responsáveis, pede a ajuda de policial branco, que então se faz passar por ele, e a partir daí, ele continua o contato com a seita por telefone, e as investidas físicas são feitas pelo policial branco com sua supervisão.


Sem dar spoiler, mas pontuando que é necessário prestar muita atenção em cada cena, os momentos finais fazem um parâmetro com questões atuais, entre elas, um fato que ocorreu em 2017, na cidade de Charlottesville, no Estado americano da Virgínia, no dia da realização de uma marcha convocada pela extrema-direita, quando várias pessoas ficaram feridas e uma morreu depois que um carro atropelou uma multidão que era contra o protesto. Na época, o governo da Virgínia declarou Estado de emergência para permitir a mobilização das forças de segurança. O acontecimento nos mostra que a luta contra o racismo é de todos e continua, por anos e anos, já que a Ku Klux Klan, um grupo formado em torno da ideologia da supremacia branca, fundado em 1866, sobrevive até os dias de hoje. E, o que mudou de lá para cá? Como ficou os EUA, após a administração de Obama, um político negro, e como está agora com Trump, um político branco? Será que algo mudou na ideologia da Ku Klux Klan, nos últimos 40 anos?

A Agência Zapp News assistiu e deu nota 9. Agora cabe a você ir ao cinema e fazer sua própria reflexão.  

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