segunda-feira, 18 de junho de 2012

Apenas uma noite: a traição abordada de uma forma poética

O Drama Romântico num belo roteiro, aborda valores com um excelente elenco


Por Graça Paes


A iraniana Massy Tadjedin estreia com o pé direito na direção de uma bela história própria do drama romântico que aborda a traição de uma forma poética e carinhosa. O longa leva o expectador a refletir sobre diversos valores e a viajar na história que se passa em uma única noite, mas sendo esta decisiva na vida de quatro pessoas.


O forte quarteto dos protagonistas atraiu uma coprodução entre EUA e França: os ingleses Keira Knightley ("Um Método Perigoso") e Sam Worthington ("Avatar"), a norte-americana Eva Mendes ("Os Donos da Noite") e o francês Guillaume Canet. Em torno dos quatro, Massy arma uma trama sobre a tentação da traição e os eternos segredos dos grandes amores.



A história é baseada no casamento de Joanna (Keira Knightley) com o executivo Michael Reed (Sam Worthington). Eles são casados há quatro anos e namoraram desde a adolescência. O casal, que mora em Nova York, parece seguro quanto a relação, até que Joanna conhece Laura (Eva Mendes), uma sensual colega de trabalho do marido, e imagina que há alguma coisa acontecendo entre os dois. Como Michael e Laura viajam a trabalho no dia seguinte, a noite de sua véspera é de conflito, preocupação e pode vir a mudar a vida do casal.




Logo pela manhã, a própria Joanna acha que está exagerando e firma uma trégua com Michael. Depois que ele parte, ela vai tomar café na rua e esbarra com um antigo e complicado amor mal resolvido do passado, o francês Alex (Guillaume Canet), que entrou em sua história em um dos rompimentos dela com o atual marido, na época em que namoravam.


O jantar marcado para aquela noite leva Joanna a arrumar-se como nunca, despertando em si própria outras expectativas. Alex, o ex namorado, por sua vez, não atravessou de volta o Atlântico à toa. Ele está disposto a confrontar Joanna sobre o que deu errado para eles e vai fazer de tudo para retomar o romance.


O filme trabalha esse confronto: a de Michael por Laura e a de Joanna por Alex, procurando criar expectativas sobre se vai ou não haver traição, e em qual dos dois casos.


Um dos pontos altos do longa é o reencontro entre Keira Knightley e Guillaume Canet, cujos personagens são humanos, mais genuinamente balançados por emoções divididas, especialmente ela, que parece ter a certeza que irá ser traída pelo marido, em sua viagem de negócios.


Eva Mendes, apesar de linda, neste longa foge do estereótipo de apenas uma mulher sensual e latina, ela, que já é por si uma mulher exuberante, segura sua personagem com dignidade e mostra a sensualidade não apenas com o corpo, mas através de gestos e olhares.


Apesar de alguns deslizes na luz, o longa apresenta uma boa fotografia e mostra a Nova York dos cartões postais. Quanto ao roteiro é impecável.


Eu recomendo. Um excelente filme para parar, pensar e refletir até que ponto devemos ousar ou não em uma relação.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Branca de Neve e o Caçador: De um conto de fadas para uma aventura épica marcante

Rupert Sanders juntamente com os mesmos produtores de “Alice”, trazem à tona uma versão contemporânea, madura e sombria deste lendário clássico


Por Jorge Nunes Chagas

Começo este post pedindo desculpas a você, caro leitor, apreciador da sétima arte e que vinha me acompanhando. Dividido por outras obrigações, fiquei impossibilitado de acompanhar os lançamentos com a mesma frequência habitual, porém, sempre que possível e de forma eventual, procuro assistir e por fim voltar a escrever. Quero agradecer por me prestigiar e espero contribuir novamente em sua decisão na hora de escolher este ou aquele filme para assistir.

Nos últimos anos, nos deparamos com novas adaptações de clássicos contos lendários compostos de roteiros rudimentares, mas que fizeram enorme sucesso em sua época como Chapeuzinho Vermelho, Alice no País das Maravilhas e tantos outros. Inclusive os mesmos produtores se encontram nesta produção que pretendo discernir aqui. A retomada de clássicos se deve também, é claro, da falta de criatividade dos produtores Hollywoodianos, pois vislumbramos, quase que sistematicamente, a adaptações de livros, continuações (MIB 1, 2 e 3,por exemplo)e remakes.

Confesso que isso me irrita às vezes, entretanto, enxergo uma oportunidade para que a atual geração possa partilhar destas histórias, pois, infelizmente, muitos de nossa sociedade atual não se interessam em saber sobre estas histórias e, por vezes, de nosso passado, se fazendo necessário este tipo de intervenção a fim de despertar a curiosidade do grande público.


Pois bem, o filme em questão desta vez é “Branca de Neve e o Caçador” (“Snow White and the Huntsman”). Temos uma Charlize Theron (“Prometeus”, 2012) maléfica e convincente no papel da rainha má Ravenna, numa atuação segura e com uma presença de câmera de impressionar. Na pele de Branca de Neve temos Kristen Stewart que, na minha visão, ainda está um tanto difícil se desvincular de Bela Swan da Saga “Crepúsculo”, assim como Chris Hemsworth quando protagonizou “Thor” e “Os Vingadores”, este no papel do caçador Eric. Juntos, o trio (entre os demais atores) transformou a antiga fantasia em um épico de chamar bastante à atenção.


A estrutura básica da história é a mesma, contudo, o aclamado diretor de comerciais Rupert Sanders adiciona tons mais sombrios, rebeldes e medievais na película. A rainha má precisa destruir a única mulher mais bela (olha a do Crepúsculo ai, se é que entenderam o trocadilho!) do reino para alcançar a imortalidade, porém, tanto uma como a outra decidem se confrontar. Branca de Neve passa a treinar a arte da guerra com Eric, o caçador enviado por Ravenna para matá-la, sendo que a rainha má nem imagina de tal fato. Assim, Branca de Neve terá condições de enfrentá-la, ela que, mais tarde, irá contar também com a ajuda de William (Sam Claflin), o jovem duque há tempos encantado por sua pureza e coragem.


A atuação de Charlize é antológica, ofuscando de forma efusiva o papel de Kristen a ponto de torcermos pela vilã em alguns momentos (ou não, dependendo do ponto de vista do expectador). Mal comparando, Kristen Stewart está para Branca de Neve assim como Christian Bale está para Batman no “Batman – Cavaleiro das Trevas”, onde mais uma vez o vilão chamou mais atenção do que o herói. Neste caso, o Coringa, interpretado por Heath Ledger, rouba a cena com seu brilhantismo, minimizando a atuação de Bale e fazendo digna a homenagem póstuma que recebeu quando conquistou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante (ou diria Melhor Ator “principal”?!), no Oscar de 2009. Que Deus o tenha!


No longa ao qual estou elucidando, encontrei inúmeras referências interessantes. Quando vi Bela, digo, Branca de Neve em sua primeira cena, ela parecia ter encontrado os dementadores do filme Harry Potter, além de, posteriormente, numa cena protagonizada na floresta negra, lembrei-me do gás alucinógeno do espantalho, o arquirrival de Batman em “Batman Begins (2005)”- olha o Batman de novo -, entre tantos.


Chris Hemsworth fez um papel do que se espera dele, apresentando características já vistas em “Thor” como teimosia, vitalidade, agressividade e um coração nobre. Em alguns momentos, ao ver Chris contracenando com Kristen quando lhe ensinava a arte da guerra, me recordei do assassino Léon em “O Profissional (1994)”, interpretado por Jean Reno, quando treinava Mathilda, vivida por Natalie Portman, uma adolescente que se envolveu com o matador e pediu que a ensinasse o manuseio de armas para que ela pudesse se vingar da morte de seus familiares.


Comparações à parte, o filme é repleto de excelentes efeitos visuais fazendo do diretor de arte Dominic Watkins caprichar e muito nos detalhes, além de um figurino de época de fazer inveja. Não é à toa a convocação da premiada figurinista Colleen Atwood, uma inovadora na arte da costura que trabalhou em “Alice” e, desta vez, foi buscar em Instambul sua inspiração, criando roupas que se misturaram de forma imperceptível a aquele universo, dizendo muito sobre ele e suas figuras.

A trilha de James Newton Howard pontua com maestria cada momento da fita, fazendo-a digna de um épico grandioso. A fotografia não deixa por menos, com um grande trabalho de Greig Fraser que, em conjunto com os demais produtores, nos fazem crer que o que vemos é de fato real. Tenho de creditar também a boa adaptação do roteiro por parte dos roteiristas Evan Daugherty, John Lee Hancock e Hossein Amini, que transformaram uma história infantil em uma história para adultos, mantendo sua essência.


O elenco conta com Sam Spruell como Finn, o irmão de Ravenna e os sete anões: Ian McShane, na pele de Beith, líder dos anões, Nion, vivido por Nick Frost, o braço-direito de Beith, Muir, vivido por Bob Hoskins um sábio vidente e líder cego, Quert, interpretado por Johnny Harris, o guia do pai vidente, Gort, interpretado por Ray Winstone, Coll, vivido por Toby Jones, Duir interpretado por Eddie Marsan, Gus, vivido por Brian Gleeson, que se apaixona por Branca de Neve quando a conhece e a protege em um momento de perigo extremo, além de Raffey Cassidy a linda criança que vive a Branca de Neve quando criança.

É interessante o fato de o diretor Rupert Sanders ser estreante em longas, ele que é nato na arte de se fazer comerciais inovadores como do game “Halo 3”. Segundo os produtores, Sanders tinha a visão e habilidade necessária para que a produção fosse bem sucedida. E creio eu que foi.

“Branca de Neve e o Caçador” estreia nesta sexta, 01/06, somente nos cinemas e é uma boa pedida a conferir. Recomendo!

Dou Nota 8,0


Publicação Agência Zapp News