sábado, 25 de fevereiro de 2012

Tão Forte e Tão Perto: Dramático mas envolvente

Com personagens geniais em situações extremas o diretor Stephen Daldry adota uma narrativa interessante, dramática e de estilo investigativo

Por Jorge Nunes Chagas


O filme é baseado no aclamado livro romancista “Extremamente Alto e Incrivelmente Perto”, um best-seller de Jonathan Safran Foer que, adaptado para o cinema, passou a se chamar “Tão Forte e Tão Perto” (Extremely Loud and Incredibly Close), que reuniu um elenco experiente e contou com um inspiradíssimo ator.

O ator em questão é o estreante Thomas Horn, de 14 anos, e que parece não ter sentido o peso de sua estreia nas telonas. O filme anuncia como atores principais os premiados Tom Hanks (Larry Crownie) e Sandra Bullock (Um Sonho Distante), porém o brilhantismo de Horn fez dele “O” protagonista, como deveria ser, carregando o filme literalmente fazendo da dupla acima citada mera coadjuvante.

O “pano de fundo” deste longa-metragem são os atentados terroristas de 11 de setembro, ocorridos em 2001 nos Estados Unidos, que serviu como base para a história de Oskar Schell, um menino de 11 anos dotado de inteligência, visão científica e habilidades excepcionais para sua idade, porém atormentado pela morte de seu pai, morto em uma das torres gêmeas do World Trade Center. Após a morte do pai, o menino encontra uma chave misteriosa nos pertences dele. Oskar, então, decide partir numa jornada em busca da fechadura certa e de seu significado, que mudará sua vida e a vida de muitos outros que encontrará pelo caminho.


Mas não é tão simples assim, pois Oskar sofre com a Síndrome de Asperger que gera certas “fobias” a algumas situações, sendo uma delas o medo da movimentação de uma cidade grande. Para prosseguir com sua busca, é necessário vencer todos essas fobias e medos. A lembrança de seu pai Thomas Shell (Tom Hanks), um antigo joalheiro, lhe ocorre a todo o momento dando mais dramaticidade à sua jornada, um tanto antagônica e teoricamente impossível. Pai este que sempre lhe estimulou, mas que agia com um tom misterioso para responder questões simples, despertando o interesse do menino em interpretar a mensagem deixada por seu pai na sua imaginação numa lúdica aventura. A mãe, interpretada por Sandra Bullock, de forma sutil, acaba tendo uma participação fundamental.

O diretor  Stephen Daldry, Thomas Horn e Max Von Sydow
O diretor Stephen Daldry (“As Horas”, “O Leitor” e “Billy Elliot”), procurou explorar situações limites com personagens geniais. Além do menino super-inteligente, o diretor Daldry introduziu na trama a participação de um senhor mudo na pele do veterano ator Max Von Sydow, da foto acima (Robin Hood – 2010), numa atuação antológica, fato este que o credencia a concorrer ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2012. Este simpático e ao mesmo tempo misterioso Senhor, decide ajudar Oskar a visitar as cerca de 470 pessoas espalhadas pelos quatro estados de Nova York. Para entender como o menino chegou a este número e seu envolvimento com o Sr. mudo, o expectador precisará ver o filme, pois não vou contá-lo, é claro.

O elenco ainda conta com Viola Davis (que concorre ao Oscar por “Histórias Cruzadas”), John Goodman (“O Artista”), Jeffrey Wright (“Tudo pelo Poder”) e James Galdolfini (“O Sequestro do Metrô 1 2 3”). A fotografia de Chris Menges e a trilha composta por Alexandre Desplat também são destaque. Confesso que o filme foi um tanto cansativo, devido a sua duração (129 minutos) e apelativo em alguns momentos, mas me emocionei pela busca de um sentido na vida do garoto e as situações vividas pelo mesmo.

“Tão Forte e Tão Perto” tem na sua composição atitudes nobres, mas ao mesmo tempo duras e fatídicas, humildes, mas intelectualmente obsessivas. O filme tenta refletir não só as coisas complexas, mas também as mais simples da vida, em meio à bipolaridade que o garoto apresentou. O expectador deve se emocionar, num misto de tristeza e alegria, que faz bem pra nossa alma de vez em quando. O filme estreia no dia 24 de fevereiro de 2012 nos cinemas e é do tipo que, ao terminar, balançamos com a cabeça num tom afirmativo e dizemos: “É...”.

Dou nota 8,0.


Publicação Agência Zapp News

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