Por Graça Paes, RJ
Após passagens por festivais nacionais e internacionais, o longa chega nesta sexta, (17/11), com exclusividade ao streaming da Globo. É o primeiro longa-metragem de Johnny Massaro como diretor.
Escrita e protagonizada por Felipe Haiut, que também assina a produção junto com Massaro, a obra audiovisual é uma adaptação da peça teatral homônima encenada em 2017, com o seu elenco original: Felipe Haiut, Julia Stockler, Saulo Arcoverde e Catharina Caiado.
Tendo a cozinha como o principal e único cenário, a trama gira em torno do reencontro entre dois amigos de infância, Miguel (Felipe Haiut), um artista em crise, e Rodrigo (Saulo Arcoverde). As presenças inesperadas de Letícia (Julia Stockler), com quem Miguel vive um relacionamento fracassado, e Carla (Catharina Caiado), noiva de Rodrigo, instauram um clima de tensão. Em meio a conversas banais e o resgate de memórias reprimidas, a hostilidade entre os quatro aumenta quando Letícia questiona a sexualidade de Miguel.
"A experiência de dirigir um filme foi e continua sendo transformadora. Eu aprendi sobre todas as etapas de realização de um filme, mas sinto que o processo de entendimento é contínuo e que, certamente, ainda vou aprender muito, ainda mais agora que ele estará disponível ao grande público", avalia Johnny Massaro.
A produção reúne premiações e diversas passagens por festivais nacionais e internacionais, entre eles o Festival do Rio de 2022, com sessão extra a pedido do público; a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo; o Festival Internacional do Uruguai; o Philadelphia Latino Film Festival; o Festival de Comunicurtas, onde recebeu o prêmio de Melhor Trilha Sonora; o Rio LGBTQIA+ Festival de Cinema, com a premiação de Melhor Direção; e, recentemente, o 30º Festival de Cinema de Vitória.
"Depois do filme percorrer tantos festivais, com salas lotadas e o público reagindo de forma positiva, sinto que a chegada da produção ao Globoplay é uma possibilidade de alcançar mais pessoas, que terão a mesma a experiência das salas de cinemas, mas no conforto de casa. Não poderia existir outro lugar para esse filme estar, pois é uma plataforma nacional, com conteúdos e histórias de qualidade, que muitas vezes me servem de inspiração, explica Felipe Haiut.
Com direção de Johnny Massaro e roteiro assinado por Felipe Haiut, 'A Cozinha' é uma produção da Hipérbole e Cosmocine. No elenco, Felipe Haiut, Julia Stockler, Saulo Arcoverde e Catharina Caiado. A produção é liderada por Felipe Haiut e Johnny Massaro, com a direção de produção de Guilherme Bolo.
Confira as entrevistas com o diretor Johnny Massaro e com o roteirista Felipe Haiut:
Entrevista com Johnny Massaro
Qual é a diferença de estar na frente e atrás das câmeras?
Estar atrás das câmeras me fez entender que o ator é a ponta mais sensível do processo. Tudo o que todos os departamentos fazem é pensar na construção da cena, mas de uma maneira objetiva, concreta. Já o trabalho do ator envolve uma entrega que, embora também seja objetiva, pertence mais ao campo do subjetivo, pois é sobre emoções. Nesse sentido, me sinto imensamente mais vulnerável como ator do que como diretor.
Quais as inspirações e os desafios?
Trabalhamos com muitas referências, como "Deus da Carnificina", "Uma mulher alta", "Quem tem medo de Virginia Wolf?" e por aí vai. Sinto que o maior desafio é sempre o tempo, pois no set nós temos que lidar constantemente com esta equação: como fazer caber a execução de uma cena dentro de um dia, lidando com as expectativas, frustrações e bençãos em relação ao que foi pensado inicialmente. E no caso da "Cozinha", tivemos apenas seis diárias de filmagem.
O filme tem passado por vários festivais e está sendo muito bem recebido pelas plateias. Qual é a sua expectativa com a estreia do filme no Globoplay?
A recepção nos festivais foi realmente surpreendente. Tivemos sessões extras no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, algo raro de acontecer. Confesso que meu barato não é nem mais assistir ao filme, mas sim a reação da plateia. A história é uma montanha russa de emoções, em que as personagens vão do cômico ao trágico, com muito deboche, tensão, tesão e humor. Minha expectativa é que o público de casa possa sentir a catarse que eu vi as pessoas experienciando no cinema!
Entrevista com Fellipe Haiut
Como surgiu a ideia de transformar a peça em filme?
A ideia de transformar em audiovisual já existia desde a construção da peça, que começou em 2017, quando nos reuníamos na cozinha da antiga casa do Johnny, no Rio, para rascunhar os roteiros e, meses depois, encenar o espetáculo teatral. Para mim, sempre teve algo cinematográfico na forma como a gente fazia, eu conseguia ver enquadramentos que ninguém mais via. Eram detalhes que mudavam de acordo com o lugar. O movimento de fazer o filme surgiu na pandemia, pois eu estava vivendo um momento difícil, buscando maneiras de me expressar. Todos nós estávamos naquele processo de entender as mudanças do mundo e presos dentro de casa. Daí eu liguei para o Johnny e perguntei se ele tinha o desejo de dirigir 'A Cozinha'.
Como foi a experiência?
Nós, eu e Johnny, entendemos que o elenco deveria permanecer o mesmo da peça, pois já existia um jogo, uma conexão e, claro, toda uma história nossa. O processo de ensaio para o audiovisual foi uma loucura, pois ensaiávamos remotamente e só nos encontramos antes de viajar para a locação. É um filme feito a muitas mãos, com uma equipe incrível, que entrou com a gente de maneira colaborativa e de forma cooperativa.
Como foi a escolha do elenco?
Durante a peça estabelecemos uma irmandade. É uma relação mesmo de família, com muito carinho, cuidado e amor. Saulo e a Catarina, por exemplo, são dois atores do filme que se casaram por conta da peça e eu e a Júlia somos padrinhos da filha deles.
E, para finalizar, como você descreveria 'A Cozinha' para o público?
Eu diria para o público que é na cozinha onde a festa realmente acontece.
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