quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As aventuras de Agamenon: uma boa comédia de verão

Das páginas de jornal para as telas, Marcelo Adnet e Hubert desmistificam o misterioso repórter

Marcelo Adnet e Victor Lopes na première carioca (foto: Graça Paes)

Por Jorge Nunes Chagas

Este é o primeiro longa-metragem (nem tão longo assim, por ter 74 minutos de duração), que assisto do diretor Victor Lopes. Fato este, que coincidiu, por ser este seu primeiro filme de ficção.O qu não o  descredencia, pois Victor veio de três documentários, um deles até premiado "Língua – Vidas em português". Enfim, tive boas impressões, em um trabalho que se mostrou minucioso por aliar efeitos especiais na edição de suas filmagens introduzindo o atrapalhado repórter em fatos históricos (dos anos 70 aos atuais) nos quais possibilitaram a façanha que é o filme.

Narrado por Fernanda Montenegro, "As Aventuras de Agamenon – O repórter" é basicamente, a história de amor de Agamenon Mendes Pedreira e e sua provocante companheira Isaura, brilhantemente interpretada por Luana Piovani, que sobrevive às inesperadas viagens jornalísticas do protagonista, pelo mundo afora, em busca da notícias e de sucesso.

Os atores Marcelo Adnet e Hubert interpretam respectivamente Agamenon, na fase mais jovem e também na fase atual. O personagem fictício que está presente numa coluna dominical há 20 anos nas páginas do Jornal “O Globo”. 

Adnet, atualmente é um dos gênios da comédia brasileira. Ele incorporou o “jeito casseta de ser” pela atuação despojada e eminente nas situações baseadas em fatos reais, característica presente no humor feito pelos atores do grupo "Casseta".  Ambos que intrepretam o Agamenon, adotaram em suas interpretações cacoetes dê expressão, ou seja, “tiques nervosos” como fator de identificação do personagem. Usando e abusando de diálogos de duplo sentido e alguns clichês, a dupla deu tons de “quebra gelo” nas várias situações relevantes da história mundial vivenciadas pelo repórter em suas viagens.




Victor Lopes, Hubert, Adnet e Madureira   (Foto: Graça Paes)

As inúmeras participações de peso no filme como de Pedro Bial e Ruy Castro, ambos interpretando a si próprios, além dos depoimentos do cantor Caetano Veloso, do ex-presidente e colunista do Globo Fernando Henrique Cardose e do escritor e mago Paulo Coelh,o entre outros, deram um tom de seriedade a trama colocando o personagem num tapamar de importãncia, até mesmo para a própria história do país. 


Duas participações me chamaram muita atenção: Uma foi a de Ruy Castro, já citado aqui, e no filme em vários momentos, sempre num tom sério, fazendo suas ponderações e correções sobre os fatos anteriormente apurados por Agamenon. A outra é de Róbson Nunes, ator da nova geração, numa breve aparição vivendo o papel de Ronaldo Fenômeno, relembrando o episódio do craque e seu encontro com transexuais, numa ótima paródia.


Sacaneando desde Sygmunt Freud a Adolf Hitler (e sendo sacaneado também), com participação em eventos como o náufrago do navio Titanic e os ataques terroristas de 11 de setembro, Agamenon, Isaura e o “persona proctologista” Dr. Jacintho Leite Aquino Rêgo, interpretado por Marcelo Madureira, me proporcionaram juntos momentos discretos de riso.


A exceção, portanto, foi da dança do “funk dos aliados”, ponto alto da película, além da boa sacada do falso enterro de Agamenon e um acontecimento inusitado no cemitério feito com ajuda de um traficante local.

A construção da narrativa do filme envolvendo fatos históricos é bem interessante, mas creio que não ficou maçante. Situações sérias como a demolição do muro de Berlim e os acontecimentos no Afeganistão foram subvertidas para fazer piada, aliada a inúmeras situações inusitadas típica do público admirador dos cassetas. No geral, acho um bom filme e válido para divertir as férias de verão (previsto para o dia 06 de janeiro de 2012), com boas tiradas e garantia de gargalhada para o público expectador em geral.

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