quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Crítica do filme: “Uma Batalha Após a Outra”

Por Graça Paes, RJ

Com direção e roteiro de Paul Thomas Anderson, baseado no livro 'Vineland', de Thomas Pynchon, “Uma Batalha Após a Outra”, conta com produção do próprio Anderson ao lado de Sara Murphy e Adam Somner, além da produção executiva de Will Weiske. A equipe técnica reúne nomes de peso, como Michael Bauman (diretor de fotografia), Florência Martin (design de produção), Andy Jurgensen (edição) e Colleen Atwood (figurino).  Estreia dia 25 de setembro nos cinemas.


‘Uma Batalha Após a Outra’ vai muito além de um filme de ação ou mesmo suspense. Anderson propõe reflexões profundas sobre paternidade, radicalização política, polarização social e o peso das memórias de lutas passadas. Essa mistura de temas dá à obra uma densidade que a diferencia do gênero, evitando o moralismo e privilegiando a complexidade dos personagens.

O longa acompanha a trajetória de Bob Ferguson (DiCaprio), ativista que durante a juventude foi integrante de um grupo de guerrilha urbana conhecido como French 75, onde conheceu e se apaixonou pela incendiária revolucionária Perfidia Beverly Hills (Teyana Taylor). 

Durante uma ação para libertação de imigrantes presos em uma instalação do exército dos EUA na fronteira com o México, Perfidia captura o oficial Steven J. Lockjaw (Sean Penn), que acaba ficando obcecado pela sensual e provocadora guerrilheira.

Anos depois, vivendo escondido com a filha adolescente Willa (Chase Infiniti), Bob tem que fugir novamente do governo e dos militares quando o coronel Lockjaw descobre seu esconderijo. O revolucionário aposentado apela então para seus antigos companheiros de armas e para novos amigos como o professor de artes marciais, o Sensei Sergio St. Carlos (Benicio Del Toro), líder local dos imigrantes latinos.

Bob Ferguson (Leonardo DiCaprio)  é um homem dilacerado por frustrações, remorso e conflitos internos, o que torna sua trajetória não idealizada, mas empática e compreensível. Que tem como contraponto, o Sensei Sergio (Benicio del Toro), cuja calma contrasta com o caos existencial de Bob.


‘Uma Batalha Após a Outra’ equilibra sequências intensas de ação com momentos de humor que aliviam a tensão e tornam a experiência mais dinâmica. O filme não se limita a uma atmosfera sombria: ele transita entre estilos, provocando risos, angústia e suspense na medida certa. 


A fotografia, a direção de arte, o figurino e a edição trabalham em conjunto para criar um ambiente que combina realismo carregado de tensão com nuances quase surreais. A trilha sonora de Jonny Greenwood reforça esse clima híbrido.


É o tipo de filme que certamente irá dividir opiniões. Quem busca apenas ação pode estranhar as passagens mais contemplativas ou irônicas; já quem prefere um drama intimista pode se surpreender com o espetáculo visual e narrativo. O filme se coloca justamente nesse espaço entre gêneros, um risco criativo que acaba sendo seu maior acerto.


Uma Batalha Após a Outra é um filme que questiona os limites da ação política, do sacrifício e da legitimidade das lutas contra a opressão. Essa ambiguidade chega a causar um certo desconforto, já que não há um “lado certo” evidente para torcer, mas é justamente a partir daí que nasce sua força reflexiva.


É um dos lançamentos mais consistentes de 2025 e retrata bem a forma como Paul Thomas Anderson une espetáculo e reflexão. 


Com atuações sólidas, um elenco de peso e uma estética impecável, 'Uma Batalha Após a Outra' é grandioso tanto em escala de produção quanto em profundidade temática. São 2h50 de duração que passam sem que você se dê conta. 


Podem apostar e assistam, é um filmaço. 

A Agência Zapp News assistiu e nossa nota é 10. 


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