Por Graça Paes
Quando eu fui para a cabine
do filme: Nymphomaniac (Ninfomaníaca), do
diretor dinamarquês Lars Von Trier, eu achei
que ia ver um filme com cenas extravagantes de sexo, e tals, pois foi mais ou
menos o que eu li em sites sobre o longa que na versão original tem 5h30 de
duração, e que foi encurtado e divido em duas partes para facilitar a exibição
no cinema.
"Ninfomaníaca” tem um início fantástico, uma fotografia
forte, um cenário meio sombrio, chuvoso, grotesco e uma trilha de heavy metal
ao fundo que torna tudo muito impactante. Este é o local onde um senhor
encontra Joe (Charlotte Gainsbourg), na fase adulta, aparentemente muito
machucada por uma surra ou ataque, isso não fica subentendido na primeira parte
do longa, e que após ser levada para casa dele, entre um gole e outro de chá,
ela lhe relata suas experiências eróticas, desde a infância. Histórias
surpreendentes, que na minha opinião, apesar de fortes e picantes, me fazem
vê-la como refém de suas próprias fantasias. Vítima de um vazio que nem mesmo os
mais tórridos momentos de sexo são capazes de preencher.
Realmente, Lars Von Trier,
mostra muitas cenas de sexo, imagens de muitos tipos de pênis, demonstrações do
ato explícito, o que não é muito comum de se ver nas salas de cinema
tradicionais. Feitas com cuidado retratando realmente o vício, a obsessão de “transar”
por qualquer que seja o motivo, diversão, dor, aposta.
Porém, o drama protagonizado
por Charlotte Gainsbourg e com o talentoso Shia LaBeouf, Uma Thurman, Stellan
Skarsgård e Willem Dafoe, entre outros, mostra a história de Joe como ela é, e
para tal o sábio Lars Von Trier não teve medo de ousar.
De acordo com a produtora
Louise Vesth, as cenas de sexo explícito foram
feitas combinando imagens dos atores em cena, nus, com imagens de atores pornô (dubles)
fazendo sexo de verdade.
Apesar da carga forte, da
primeira parte do longa, que dá a entender que a segunda será mais forte ainda,
já que não se explica a surra que a protagonista levou que quase a levou a
óbito, na fase adulta, uma das cenas mais leves e até engraçadas envolve Thurman
e três crianças, que fazem uma participação bombástica. Em entrevista para um
site a atriz disse como foi trabalhar com Lars Von Trier. "Acho que ele é um gênio. Escreve, dirige, é
atrevido e provavelmente um pouco louco, e eu sinto simpatia por pessoas assim
(rsrsrs). Lars me disse que eu atuo mais em uma só cena que todos os atores de
todos os seus filmes anteriores juntos, o que foi sua maneira de me dizer que
eu exagerava", brinca ela ao falar de sua participação que foi filmada em uma
só tomada.
Também foi dito pela
produção que Von Trier abriu mão, pela primeira vez em sua carreira, de fazer o
corte final da versão do filme que estreará na Dinamarca em 25 de dezembro
de 2013, e no Brasil em 10 de janeiro de 2014, a primeira parte e a segunda em
março.
De acordo com o produtor
Peter Aalbaek Jensen, os cortes não foram feitos para amenizar o conteúdo
sexual do filme, mas apenas para encurtá-lo. "Lars me disse que
está feliz que isso seja feito desta forma. Para ele, é muito importante ter
uma versão mais longa por questões artísticas, mas ele entende as necessidades
de distribuição. É de seu interesse que o filme possa ser visto em diferentes
territórios e para isso foi necessário adequá-lo", disse ao site Screen
Daily.
O fato é não choca provoca
e aguça a curiosidade. Eu confesso que ficaria cinco horas e meia na poltrona
para assistir todo o longa sem e poder conhecer um pouco mais sobre a vida
daquela menina, que se torna mulher e que o sexo como o ar que respira. O que resta é esperar até março de 2014 para
assistir a segunda parte. E, aos meus leitores que corram para os cinemas a
partir de 10 de janeiro para conhecer a história de Joe, a “Ninfomaníaca” de Lars
Von Trier.
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